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Guia de Cuidados básicos do Coelho

Coelho (Oryctolagus cuniculus)
Os coelhos tornaram-se animais de estimação bastante populares. São animais inteligentes, energéticos e sensíveis, capazes de estabelecer uma relação com o dono e inclusive responder pelo nome. São uma óptima companhia para quem trabalha de dia pois são mais activos durante o amanhecer e o anoitecer.

Manipulação
Deve-se segurar com uma mão a parte traseira do animal, enquanto se levanta o coelho com a outra mão, posicionada atrás das patas da frente. No caso do coelho se começar a debater e as patas de trás não estiverem a ser suportadas correctamente, há o risco de fracturas na coluna e nos membros. Com cuidado, pode-se utilizar a pele do pescoço para segurar o coelho, desde que se suporte o peso do corpo do animal com a outra mão. Nunca se deve pegar ou levantar o coelho pelas orelhas. Caso o coelho comece a debater-se, deve-se colocar o animal imediatamente no chão, para evitar que este se magoe.

Acomodação
Os coelhos são animais bastante sociais pelo que devem, sempre que possível, usufruir de uma companhia. Se optar por ter dois coelhos, o par mais estável, é um macho e uma fêmea esterilizados. Animais do mesmo sexo (especialmente quando não esterilizados) têm tendência para serem agressivos um com o outro. Esta espécie tem essa mesma propensão a agressividade perante porquinhos-da-índia, pelo que não devem ser alojados em conjunto.
Os coelhos necessitam duma gaiola com espaço suficiente para brincar, descansar, comer e explorar o ambiente. O comprimento da gaiola deve ser no mínimo o equivalente a três vezes o comprimento do coelho adulto. Todo o material que constitua a gaiola e os acessórios devem ser resistente, não tóxicos e fáceis de limpar. Esta não deve ter grades metálicas no chão de modo evitar possíveis traumatismos para os membros do animal.
Como substrato para o fundo da gaiola aconselha-se o uso de camas apropriadas de papel reciclado prensado (à venda em lojas de animais) ou jornais, devendo-se evitar o uso de areia de gato ou aparas de madeira. Estas últimas estão associadas ao aparecimento de problemas respiratórios e dermatológicos.
Os coelhos têm tendência para serem naturalmente asseados, e por isso, podem ser treinados a urinar e defecar no mesmo local. Pode-se inclusive ensinar a utilizar uma liteira. Com esse objectivo, aconselha-se inicialmente a colocar uma pequena quantidade de fezes na liteira e repetidamente pôr o animal na mesma. Durante o período de treino deve-se confinar o coelho a uma determinada área da casa.

Alimentação
Os coelhos são mamíferos herbívoros adaptados à digestão de alimentos ricos em fibras. Estas desempenham um importante papel para a saúde do trato gastrointestinal e para a promoção do desgaste dos dentes, que têm crescimento contínuo no coelho. Deste modo, a base da alimentação desta espécie deve ser constituída por feno, o qual deve ser oferecido diariamente e deixado sempre à disposição do animal.
O feno de alfalfa pode ser dado a coelhos juvenis mas é de evitar em coelhos adultos, pois é bastante calórico e o seu teor elevado de cálcio predispõe para a formação de cálculos urinários.
Deve-se também dar concentrado próprio para a espécie, mas tendo o cuidado de apenas o ter acessível durante um curto período de tempo (cerca de uma hora por dia). É importante não dar mistura de sementes, pois estas promovem uma alimentação selectiva e podem dar origem a carências nutricionais.
No que diz respeito a legumes frescos, pode-se dar pequenas porções (que os animais consigam ingerir em poucos minutos), uma a duas vezes ao dia. Pequenas quantidades de fruta podem também ser dadas, mas apenas uma a duas vezes por semana. Tanto os vegetais como a fruta devem ser lavados devidamente. É importante não dar alimentos com açúcar, mel ou chocolate. Cereais de pequeno-almoço, pão, cascas de batata, milho, massa e frutos com elevado teor de açúcar (uvas, bananas) também não devem ser fornecidos.
O alimento deve ser renovado diariamente e os restos de comida retirados da jaula.
Qualquer mudança da dieta deve ser feita gradualmente. Cada vegetal novo deve ser adicionado individualmente, de modo a avaliar o seu efeito a nível gastrointestinal.
A água deve estar sempre disponível, sendo importante que seja renovada diariamente. Os bebedouros ideais são os de tubo com pipeta metálica, devendo-se vigiar porque podem entupir.

Higiene
A gaiola deve ser limpa semanalmente e o substrato mudado de dois em dois dias. Este item é muito importante pois jaulas sujas podem aumentar a probabilidade do aparecimento de doenças de pele, respiratórias e comportamentais.
Deve-se lavar os comedouros e bebedouros pelo menos semanalmente, utilizando água quente e um produto de limpeza inócuo para o animal.

Cuidados
A temperatura ambiental ideal para o coelho ronda os 10 a 20º C, sendo importante que esta seja constante. Devem-se criar ritmos de claridade/escuridão (períodos de 12 horas/12 horas) e a gaiola deve ser colocada num local calmo, afastada das correntes de ar e do sol excessivo.
Para manter a saúde e o bem-estar do coelho, este deve realizar “passeios” diários, mas sempre vigiado para evitar que roa ou ingira materiais eléctricos, tóxicos ou indesejáveis. A realização de exercício regular é importante para reduzir problemas comportamentais e diminuir o risco de desenvolver osteoporose.
Para promover o desgaste dentário que o coelho necessita, este deve ter à sua disposição brinquedos à base de madeira e papel não tratado. Estes brinquedos são também importantes para exercitar o coelho e reduzir o aparecimento de alterações comportamentais.
Os coelhos de pêlo longo devem ser escovados. Pode ser necessário o corte de unhas, em caso de não haver desgaste suficiente.

Diferenciar o sexo
Em animais muito jovens pode ser difícil diferenciar o sexo. Verifica-se que os machos possuem, entre o ânus e a genitália, uma distância superior à da fêmea. Para além disso, o orifício da genitália existente nos machos é circular, enquanto o orifício vulvar das fêmeas é elíptico. Aproximadamente aos três meses de idade, os testículos dos machos descem para se posicionarem no escroto, o que facilita a distinção entre machos e fêmeas.

Cuidados médicos
Aconselha-se a visita regular ao veterinário, preferencialmente de seis em seis meses, de modo a vacinar e desparasitar internamente o coelho. Em animais geriátricos (com mais de 4 anos) está aconselhado a realização de análises sanguíneas de controlo anuais.
Todos os coelhos devem ser vacinados a partir dos dois meses contra a mixomatose (de 6 em 6 meses) e a doença vírica hemorrágica (anual), duas doenças potencialmente fatais.

Esterilização
Nos coelhos está aconselhada a castração quer se tenha um ou vários coelhos.
A idade aconselhada para a sua realização é dos 4 aos 6 meses de idade.
Nas fêmeas a esterilização diminui a incidência de tumores uterinos e mamários e a agressividade.
Nos machos diminui o stress, a agressividade e a marcação de território com urina.
Independentemente da idade do coelho, verifica-se uma diminuição do comportamento territorial e da agressividade entre 2 semanas a 2 meses após a realização da castração.
Nas fêmeas uma esterilização precoce é importante para evitar tumores uterinos, bastante comuns em fêmeas com mais de dois anos de idade.

Algumas Doenças dos Coelhos
Doença Vírica Hemorrágica
A Doença Vírica Hemorrágica é uma doença causada por um vírus (de nome calicivírus).
Esta doença é altamente contagiosa, transmitindo-se quer por contacto directo entre coelhos, quer através de objectos contaminados, roedores e insectos.
Os sintomas manifestam-se cerca de 48 horas após a infecção. Os animais afectados morrem muitas vezes sem apresentar quaisquer sinais clínicos. Outras vezes apresentam sintomas neurológicos (incoordenação, excitação) e por vezes hemorragias pelo nariz ou outros orifícios naturais.
Os coelhos que sobrevivem à doença podem continuar a excretar vírus durante aproximadamente um mês.
Os objectos contaminados se não forem desinfectados podem também ser uma fonte de contágio mesmo após a eliminação dos animais doentes.

Mixomatose
A Mixomatose é uma doença também causada por um vírus (neste caso um poxvírus).
O vírus pode ser transmitido por contacto direto, mas a principal fonte de transmissão são vetores, tais como mosquitos ou pulgas.
Após a picada pelo insecto contaminado, os sintomas podem aparecer entre cinco dias a uma semana.
Os sinais típicos são edemas generalizados, principalmente em redor da cabeça (olhos e orelhas), disseminando-se rapidamente por todo o corpo.
A doença é na maioria das vezes fatal. A morte pode ocorrer entre 48 horas a duas semanas após o aparecimento dos sinais clínicos.

A prevenção destas duas doenças faz-se através da vacinação e controlo de insectos.
No seguinte quadro, estão expressos os principais dados biológicos e fisiológicos relativos a esta espécie.

Esperança média de vida 5 a 6 anos
Peso adulto médio do macho 2 a 5Kg
Peso adulto médio da fêmea 2 a 6 Kg
Peso à nascença 30 a 80 gramas
Maturidade sexual do macho 6 a 10 meses
Maturidade sexual da fêmea 4 a 9 meses
Idade reprodutiva da fêmea 4 meses a 4 anos
Gestação 29 a 35 dias
Ciclo éstrico Ovulação induzida
Tamanho da ninhada 4 a 12 crias
Idade do desmame 6 semanas
Frequência cardíaca 180 a 250 bat./min
Frequência respiratória 30 a 60 resp/min.
Temperatura retal 38,5 a 40,0 ºC
Consumo de água 50-100 ml/Kg/dia
Consumo de alimento concentrado 50g/Kg/dia